Abaixo, publicamos abaixo um artigo que leva a refletir sobre a grave situação em que as universidades brasileiras estão mergulhadas desde a eleição de Jair Bolsonaro. Os lembretes históricos feitos, os princípios defendidos e, claro, o seu título !, estão em plena sintonia com a luta travada pela Internacional do Saber para Todos.
A redação do blog
Paulo Freire dizia que ensinar não é transferir conhecimento, mas criar as possibilidades para sua produção ou construção. Da mesma forma, Rubem Alves acreditava que ensinar é um exercício de imortalidade. O fato é que enfrentamos desafios gigantescos no campo educacional. E esses “desafios” são potencializados por políticas públicas inconsequentes que dificultam os papeis tanto da escola quanto do professor dentro de sala de aula. Se o homem é, como imaginava Immanuel Kant, “nada além daquilo que a educação faz dele”, podemos compreender as razões de certos “pensamentos” como do Presidente e seus seguidores assíduos. E, a partir daí, perceber quão tacanha se encontra nosso imaginário social e coletivo no que se refere às questões educacionais.
Em outubro de 1964, no V Fórum Universitário, o então Presidente Castelo Branco, discursou algo que poderia muito bem ser confundido com alguma declaração do atual chefe do executivo ou do seu Ministro da Educação, Abraham “Gene Kelly” Weintraub. Na ocasião, Castelo Branco disse que o estudante deveria antes de desejar um “simples diploma”, alcançar amplos conhecimentos que lhes permitiriam ser elemento útil ao progresso e à prosperidade da sociedade. Reforçando que, nas universidades não se poderia permitir o fortalecimento de ideologias.
O discurso do, na época, general Presidente é extremamente atual. Na medida em que Jair Bolsonaro já havia alegado, anteriormente, que os jovens brasileiros possuem “tara” por formação superior. Sem contar as constantes declarações que tratam o espaço escolar e acadêmico como um difusor ideológico. O ensino público brasileiro, segundo ele, estaria aparelhado pela esquerda, que possui ambições de dominação político-ideológico. Nesse sentido, o alunado dessas instituições é visto como uma “massa” pronta para ser manipulada pelos professores.
Recentemente, vimos que os cortes anunciados pelo Ministério da Educação, em universidades, podem chegar a 54%. O governo fala em “contingenciamento”, mas a mesma é uma política intervencionista que visa diminuir os gastos públicos, impondo um limite ao mesmo, dentro de um prazo determinado. Geralmente, a prática se dá dentro de áreas vinculadas ao processo produtivo (indústrias). O que temos que compreender é que não se contingencia sem prazo. Quando isso acontece, é pura e simplesmente um corte. Pois, não há garantias de retomada do investimento no setor. Algo que na educação é muito mais complicado por conta da Lei do Teto de Gastos. Quando se aplica essa prática na pasta, os efeitos são imediatos e impactam não só na qualidade do ensino, mas em toda infraestrutura (manutenção, limpeza etc) dos centros escolares e acadêmicos. Agora em junho, foi noticiado que, por conta dos cortes, a Capes bloqueou mais de 2,7 mil bolsas de pesquisa Educação nunca será “gasto”, mas sim “investimento”. E é, justamente, essa tentativa de se precarizar ainda mais o ensino público brasileiro que levaram as manifestações dos dias 15 e 30 de maio.
Para sermos justos, os investimentos no campo educacional, em nosso país, sempre estiveram aquém do ideal. Nos anos de 1950, investia-se cerca de 3,4% do PIB (Produto Interno Bruto) na área; Nos anos de 1970, cerca de 2,8%; e em 2014, algo em torno de 5,4%. Na década de 1960, por exemplo, problemas como baixa escolarização, baixo investimento, altos índices de evasão escolar, cortes do orçamento para o ensino superior, falta de vagas nas universidades etc, já existiam.
Em 2017, o setor público investiu, em média, US$ 3,8 mil por estudante do ensino básico anualmente, o que nos coloca entre os últimos na lista dos 39 países que forneceram os dados par a OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico); e cerca de US$ 11,7 mil por estudante universitário. Da mesma forma, remuneram-se mal os professores. Um professor da Educação Básica começa a carreira recebendo o equivalente a US$ 13 mil por ano. Na Colômbia, um docente iniciante ganha US$ 14,2 mil por ano. No México, US$ 17,2 mil. E na Costa Rica, US$ 24,2 mil, quase o dobro dos brasileiros. Quando a comparação é com as nações desenvolvidas, a distância aumenta. Na média das nações da OCDE, o salário inicial é de US$ 30 mil anuais.
Durante a ditadura, no Brasil, houve uma tentativa de terceirizar a obrigação do Estado no campo educacional. Uma prática que se alinhava ao projeto econômico do Governo, onde o nacional-estatismo passou a dar lugar ao chamado internacionalismo, na medida em que houve um alinhamento de nossas políticas econômicas ao capital estrangeiro. Na ocasião, a chamada “Agency for International Development” (USAID), que assessorava países periféricos, numa espécie de Doutrina Truman da América Latina, aplicou um convênio junto ao Ministério da Educação batizado de acordo MEC-USAID. Para os tecnólogos do Governo, o progresso econômico que o país aspirava, para sair da crise, só viria através do chamado “empresarialismo” na educação. Esse pensamento se coaduna ao que hoje convém chamar de empreendedorismo. Na época, usando o livro de Harbison e Muers, “Educação, Força-Humana e Progresso Econômico”, como referência, a ideia era dar importância às ciências naturais e exatas, como engenharia e medicina e treinamento empresarial, em detrimento das demais.
Os acordos MEC-USAID, dentre outros, tinha como proposta o treinamento para carreiras específicas em vez do desenvolvimento das forças intelectuais gerais, forjar um quadro técnico que conseguisse dar conta do novo projeto econômico brasileiro, permitir as universidades se libertarem de todas as malhas do Estado, ter autonomia plena para se desenvolver como empresa privada e conter as manifestações estudantis. Os movimentos estudantis – silenciados oficialmente desde 1964 conforme Lei 4464 – junto a professores, especialistas e intelectuais, acusaram o governo de querer privatizar o ensino. Isso é algo muito parecido com a política educacional do atual governo, que almeja uma “garotada que comece a não se interessar por política”. E que com as decisões de corte na educação, básica e superior, influenciou diretamente o fortalecimento da iniciativa privada no setor. Em declaração aos representantes de instituições particulares de ensino superior, no 12º Congresso Brasileiro da Educação Superior Particular, em Belo horizonte, no dia 06 de junho, o próprio Ministro Weintraub disse que o setor privado será o principal agente na expansão do ensino superior.
As políticas educacionais do período causou uma série de mudanças significativas em nosso sistema. A educação básica foi encolhida. Passando de nove para oito anos. Os cursos clássicos e científicos que preparavam os alunos para os vestibulares foram substituídos pelo ensino profissionalizante, conforme lei 5692 (1971). Disciplinas como Latim, Educação Política, Sociologia e Filosofia foram retiradas dos currículos. Pelo Decreto-lei 869 (1969) houve a diminuição da carga horária da disciplina de História e Geografia. Que foram fundidas no que se conveniou chamar de Estudos Sociais. Além disso, presenciamos a entrada das disciplinas de Educação Moral e Cívica e Organização Social e Política Brasileira (OSPB).
Na verdade, todo esse quadro demonstra um ataque ao conhecimento de disciplinas ligadas as Ciências Humanas. As principais formadoras do pensamento crítico. Algo que, dentro da conjuntura política da época, não era desejado. Em abril desse ano, Bolsonaro postou nas redes sociais que estudava descentralizar investimentos em faculdades de Filosofia e Sociologia para focar em áreas que geram – segundo ele – retorno imediato ao contribuinte, como veterinária, engenharia e medicina. As mentalidades da geração que se formava nos centros escolares e acadêmicos, nos anos de 1960, deveriam estar em conformidade com as novas realidades advindas do golpe de Estado. O mesmo acontece agora! Assim, introduzir as disciplinas sobre civismo significa “impor a ideologia da ditadura, reforçada pela extinção da Filosofia e diminuição da carga horária de História e Geografia, que exerce a mesma função de diminuir o senso crítico e consciência política da situação”.
O ensino público básico e, principalmente, superior, até bem pouco tempo atrás era considerado um privilégio de poucos. A política educacional da época da ditadura possibilitou um crescimento de 25% das escolas particulares no ensino básico, entre 1970 e 1980. Da mesma forma, a taxa de matrículas nas universidades públicas caiu de 75% em 1964, para 25% em 1984. A falta de investimento no setor contribui para a formação de indivíduos distantes e alienados dos problemas do país. Tal política contribuiu fortemente para o aumento da segregação social. Fazendo com que a dicotomia de nossa sociedade passasse a ser vista dentro das escolas e universidades.
Desde a redemocratização, em especial em meados dos anos de 1990, essa elitização do nosso sistema educacional passou a ser combatida com a inserção de políticas públicas que possibilitaram certa democratização do ensino. O que estamos presenciando é o retrocesso de tudo que levou décadas para tornar-se realidade. Dessa forma, as manifestações contra os cortes, ocorridas em maio, se deram justamente para que não tenhamos uma geração de “idiotas (ou inocentes) úteis”.
As coisas se tornaram óbvias. A educação está encarregada da missão de formar capital humano. O projeto de poder parece querer fortalecer o “sistema social que degrada o operário ao ponto de transformá-lo num simples instrumento de acumulação de capital, e que fatalmente muda os pais em comerciantes de escravos dos seus próprios filhos, destacaram Marx e Engels. É dessa forma que a educação deve ser tratada?
O presidente usou um termo “idiotas úteis” que supostamente foi dito por Lenin, uma fake news disseminada através de “memes”. Lenin tem uma mensagem ao estudante muito mais digna e construtiva. Quando fala da necessidade de assimilar “o conhecimento de fatos fundamentais” afirma: “não só deveis assimilá-los, mas assimilá-los com espírito crítico para não atulhar a vossa inteligência com trastes inúteis”. Mas, sem dúvida, o presidente não teria acesso a essas palavras, pois elas não estariam nos “memes” que usa como fonte bibliográfica.
Educar para o capital é formar pessoas que não são capazes de fazer o mundo melhor, mas apenas fazer com que o mundo funcione da maneira que está. E quem quer o mundo da maneira que ele se encontra, a não ser os que lucram com ele?
Em sua época, Rousseau dizia que “saindo de minhas mãos, ele (o aluno) não será nem magistrado, nem soldado, nem padre; será primeiramente um homem”. Hoje temos que dizer que nossos alunos não devem ser apenas engrenagem que sustenta toda essa máquina, mas, antes de tudo, ser humano.
É preciso educar para o social para que cada cidadão seja responsável pela democracia. E como defende Henry Giroux, um dos maiores pensadores da educação da atualidade, “os professores não podem escapar de suas ideologias (e em alguns casos devem abraçá-las), e é importante entender o que a sociedade fez de nós, em que é que acreditamos, e como podemos minimizar os efeitos, em nossos alunos, daqueles aspectos de nossas histórias ‘sedimentadas’ que reproduzem interesses e valores dominantes”.
Mas o arranjo de poder atual tem a intenção de fragilizar a educação publica para favorecer a privada, tolhendo os professores para dar pujança aos interesses dominantes. Logo ele que diz querer acabar com a criminalidade será a causa da ampliação dela, pois sem acesso à escola o caminho para o presídio se alarga.
A ditadura, modelo tecnocrata o qual o governo atual se inspira, foi péssima para a formação de cidadãos, não é a toa que de suas entranhas surgiu a maior facção criminosa do Brasil. Se temos como meta uma Segurança de qualidade, precisamos investir em educação, e é exatamente o que não vemos sendo feito.
Raphael Silva Fagundes é Doutor em História Política pela UERJ e Professor da rede municipal do Rio de Janeiro e de Itaguaí, Wendel Barbosa é Pós-graduado em História social e cultural do Brasil pela FEUC e professor da rede estadual de ensino.
Centro Indígena de Capacitación Integral (CIDECI-UniTierra Chiapas)
La idea generalizada que tenemos de la Universidad es la de un lugar en el que estudiar durante un tiempo y acabar consiguiendo un título que certifica el supuesto aprendizaje obtenido. La continua mercantilización de la enseñanza promovida por el sistema capitalista también nos lleva a pensar en la Universidad como un lugar excesivamente caro, al que solo algunos tienen la posibilidad de ingresar y en el que, finalmente, recibes un título que ya no te sirve para trabajar (y que, a veces, tampoco refleja los conocimientos adquiridos). Si pensamos en alguna facultad concreta acabamos pensando en un edificio grande, de hormigón gris, quizás adornado con un césped y formado por las últimas tecnologías (en lo que sea). A veces también pensamos en facultades que se caen a pedazos y aulas masificadas. Esto es exactamente lo que no quería el Doctor Raymundo Sánchez Barraza. El Centro Indígena de Capacitación Integral – Universidad de la Tierra (CIDECI-UniTierra) se plantea como todo lo contrario a esa concepción capitalista del aprendizaje que tan asumida tenemos. Por eso es imposible acercarse al proyecto (hoy realidad tangible) sin que se derrumben los esquemas aprehendidos. No se concibe entender el Sistema Indígena Intercultural de Aprendizaje sin la destrucción de lo establecido. Este proyecto comienza a andar en 1983, sin embargo, no es hasta 1989 que se define como autónomo. En ese año es auspiciado por el obispo de San Cristóbal de las Casas, Samuel Ruiz, conocido por su labor indigenista y de apoyo a los pueblos originarios del Estado de Chiapas. Y por ser obispo de la ciudad durante más de 40 años (hasta que el poder consiguió alejarlo de allí para que dejara de provocar fallas en el sistema). Coordinado en todo momento por Raymundo Sánchez Barraza, quién también regala su vida a la causa indigenista. En 1994 los ideales zapatistas se entroncan con los del CIDECI y no se entiende su filosofía sin ellos. Según su coordinador (quien suelta una carcajada al momento de dirigirnos a él como Rector) la denominación de Universidad es un acto de rebeldía, una respuesta a las burlas del sistema al referirse a ellos y al no considerar la capacitación que allí se recibe como un aprendizaje real. Y es que UniTierra ni es oficial ni busca el reconocimiento oficial, sino el de los pueblos y las comunidades indígenas. Indudablemente, ese ya lo tiene. Entonces “¿por qué no podemos tener el prestigio de las universidades?”, se pregunta Raymundo Sánchez.
Estructura y organización
Niños y niñas venidos de comunidades indígenas, a partir de los 12 años y con independencia de que sepan leer o escribir o de que conozcan el idioma castellano. Este es el perfil de los y las alumnas que ingresan al centro. No hay un número fijo de estudiantes en cada momento, ya que si lo normal es que se tomen cursos de (más o menos) 9 meses, jóvenes van y vienen según su disponibilidad. Pueden tomar 15 días de curso, un mes o varios años. Dependiendo de la distancia entre su comunidad y el centro, quienes allí estudian estarán internos o externos. Esto es, quienes vienen de comunidades más lejanas serán internos y harán uso de los albergues con los que cuenta el centro mientras que quienes residan en comunidades circundantes estarán externos, yendo y viniendo a sus cursos a diario. Así como el número de alumnos es variable en cada momento, lo que si se mantiene es la proporción de hombres y mujeres. Sobresalen los chicos sobre las chicas. En número, claro. También son constantes los y las estudiantes que desconocen el castellano al llegar a sus cursos. Las lenguas que predominan son el tzotsil, el tzeltal y el ch’ol; aunque son muchas más las que se cruzan en los talleres del CIDECI. Los profesores conocen esas lenguas, aunque no siempre hablan a los y las alumnas en su lengua materna, “porque si no nunca aprendemos” como dice uno de los chicos que allí desarrolla su actividad.
Los saberes que se imparten van desde cursos de tortillería y panadería (con los que se abastece el comedor en el que colaboran los y las estudiantes) hasta cursos de herrería, electricidad, carpintería y alfarería. Es gracias a la aplicación de estos aprendizajes que el centro es lo que es hoy en día, ya que ha sido totalmente construido por quienes allí estudian. Igual que la mantención del mismo. Un ejemplo, las cortinas se hacen en el taller de telares, y luego se cosen y preparan para su uso en el taller de corte y confección y luego, en el caso de que queramos que las cortinas lleven algún motivo dibujado este se hará en el taller de pintura. Así cualquier cosa que veamos en el vasto terreno del CIDECI habrá sido construida gracias a los saberes que allí se han transmitido. Todo esto sin dejar a un lado la música, mecanografía o computación, donde además se practica el arte de arreglar con las manos todos los instrumentos necesarios para estas actividades. Junto con estos saberes hay unas cuantas áreas de estudios como son: Derecho Autónomo, Arquitectura Vernácula, Agroecología, Hidrotopografía, Administración de Iniciativas y Proyectos comunitarios, Interculturalidad o Análisis de los Sistemas – Mundo. Al terminar su estancia en la UniTierra, los y las alumnas reciben apoyo en un proyecto para aplicar sus conocimientos en la comunidad de la que provienen. Así se les surte de conocimientos, asistencia y las herramientas necesarias para echar a andar sus ideas en sus comunidades. Unas ideas que luego repercutirán en sus compañeros más cercanos facilitándole o mejorándole sus vidas en comunidad ¿Cómo no considerarla Universidad, cuando quizás sea la más digna de todas?
Instalaciones y autonomía
La autonomía se respira en el aire de la Universidad de la Tierra. En el taller de zapatería se hacen los zapatos para los y las alumnas, el huerto ofrece las verduras que se cocinarán en el comedor, pero también las que sirven de alimento a los animales de la granja (conejos, borregos, ocas, cerdos, gallinas y pavos). Trabajar en el mantenimiento de estas instalaciones es la reciprocidad que ofrecen quienes allí estudian a cambio de la gratuidad lugar. Y a su vez, todo lo producido sirve para abastecer a las personas que allí residen. ¿Y la luz y el agua? Evidentemente, no vienen por parte del gobierno o de alguna institución oficial ya que lo único que se ha recibido por parte de estos ha sido un cruel hostigamiento. La CFE (Comisión Federal de Electricidad) ha merodeado por la zona de manera amenazante en busca de pagos. Eso se supera gracias a la instalación de generadores de electricidad. El agua que abastece a todos y que corre por el sistema de riego que hay instalado proviene de un profundo pozo cavado en sus terrenos. Autonomía total.
Cada jueves los y las estudiantes se reúnen aquí para tratar temas de actualidad, movimientos sociales o problemas que se planteen en sus comunidades.
Lejos de tener carencias, la Universidad de la Tierra se muestra como un paraíso. Las instalaciones y su integración en la naturaleza distan mucho de lo que podemos pensar de esta universidad sin zapatos, como se autodenomina. Además de las decenas de talleres (entendidos como lugar físico), del comedor y de las construcciones que guardan los generadores; son varias las salas para seminarios y aulas que se prestan a otros movimientos sociales. Una colorida capilla se presta a la realización del culto y un enorme auditorio se abre a grandes celebraciones y tiene siempre las puertas abiertas al EZLN, quien celebró en dicho auditorio la Clausura del Primer Festival de las Resistencias y las Rebeldías Contra el Capitalismo este pasado mes de enero.
Filosofía e inspiración
Además de inspirarse en el EZLN y el obispo Samuel Ruiz, este centro por y para indígenas se asienta sobre los principios de Imanuel Wallerstein y de Iván Illich. Del primero agarran su análisis sobre el capitalismo basado en conceptos como Sistema – Mundo. Es de Iván Illich de quien beben sus concepciones acerca de la enseñanza, el aprendizaje y la desescolarización. Se olvidan del tipo de enseñanza impuesto por el capitalismo al que hacíamos referencia al comienzo de este texto y priman el aprendizaje en relación con las personas. Cómo diría Illich en La sociedad desescolarizada:
Los profesores de habilidades se hacen escasos por la creencia en el valor de los títulos. La certificación es una manera de manipular el mercado y es concebible sólo para una mente escolarizada. La mayoría de los profesores de artes y oficios son menos diestros, tiene menor inventiva y son menos comunicativos que los mejores artesanos y maestros.
La instrucción libre y rutinaria es una blasfemia subversiva para el educador ortodoxo. Ella desliga la adquisición de destrezas de la educación ‘humana’, que la escuela empaca conjuntamente, y fomenta así el aprendizaje sin título o permiso no menos que la enseñanza sin título para fines imprevisibles.
Dos citas muy prácticas para entender la filosofía del CIDECI que se basa en tres principios inquebrantables: “aprender haciendo”, “aprender a aprender” y “aprender a ser más”. Estos principios ejercen de guía principal a la vez que sirven de bola de demolición contra lo ya impuesto en materia de educación por el sistema actual. Una red entretejida por y para los indígenas de la mano del “Doc” Raymundo. “Seguir haciendo, seguir formando sin perder de vista las directrices del EZLN y de los pueblos originarios”. Porque la Universidad de la Tierra es por y para ellos.
À l’approche de notre premier congrès à Marseille, les 22 et 23 novembre prochains, nous publions ci-dessous un article de Laure Ferrand qui, à travers le récit de sa propre expérience à l’Université de Tours, rejoint en conclusion le sujet de nos futures rencontres phocéennes : comment penser et construire une société du partage des savoirs, de tous, par tous et pour tous ?
La Rédaction du blog
Ah l’université ! Le lieu du savoir, de la transmission des connaissances, de la recherche, de la découverte et de personnels bien traités et rémunérés, voilà l’image du sens commun, celle que beaucoup de gens ont de cette institution. Or, il n’en est rien. Comme tous les milieux de travail et de vie aujourd’hui, elle est bien sûr touchée et concernée par les politiques destructrices du néolibéralisme, entre austérité et précarité, soumission à la concurrence et à la logique de marché, mise en concurrence de tous contre tous et considération de tous, étudiants comme enseignants-chercheurs, comme des consommateurs de cours pour les uns ou des marathoniens et sprinteurs à la course à l’excellence pour les autres.
Pour établir ce constat, je voudrais vous parler de ma propre expérience à l’université. Un peu de socioanalyse comme on appelle ça, ça ne fait pas de mal et puis finalement ce que l’on vit est toujours le reflet, l’expression de quelque chose de plus vaste, qui concerne la société dans son ensemble.
Je voudrais décrire une scène. Une scène qui se déroule à l’université de Tours. Une salle de cours au troisième étage des Tanneurs, une scène réunissant une trentaine d’étudiants en première année de sociologie et d’une professeure qui doit leur enseigner ce qu’est la sociologie et comment on en fait. Dans cette première description du décor, rien que du banal, mais si on creuse et qu’on s’intéresse aux uns et aux autres des protagonistes, la destruction de l’université s’y exprime avec force et même violence, parfois.
Les étudiants d’abord. Être étudiant à la fac n’est pas une aventure de tout repos. En première année, sur l’effectif de départ, généralement entre 35 et 40 étudiants par classe, n’en restera que la moitié. Un écrémage long et silencieux qui se fait tout au long de l’année. Derrière tout ça, ce sont des pénuries de bourse, des étudiants qui travaillent à côté de leurs études, une dégradation des conditions d’étude (ah oui, je ne vous ai pas dit à propos du décor, mais dans cette salle de cours, il fait froid, il y a peu de chauffage l’hiver), des universités surchargées qui deviennent en quelque sorte des voies de garage, des étudiants qui sont là parce qu’ils ne savaient pas quoi faire d’autre (comme ils disent), qu’ils ont mal été orientés, qu’ils voulaient faire autre chose. Bien sûr, il y aura ceux qui s’accrochent, qui se découvrent même une âme d’apprentis sociologues, mais pour combien de temps, et surtout combien sur tous ces étudiants ?
Et puis, il y a les effets de Parcoursup ! Bien sûr, APB n’était pas la panacée mais là on atteint des sommets. Valentine, 17 ans, est très discrète en cours. Toujours bien coiffée et maquillée, elle est toujours là, ne fait pas de bruit, pianote sur son téléphone et me regarde de temps en temps. Un jour, nous avons ensemble une longue discussion. Je lui demande ce qu’elle pense de la sociologie, de l’université, de son avenir professionnel et voici sa réponse exprimant la violence sociale et le mépris de classe dans lequel les jeunes se retrouvent plongés. Elle me dit qu’elle déteste la sociologie, qu’elle ne voulait pas faire cela et que c’était son dernier vœu sur Parcoursup. Elle, elle veut faire une école de publicité mais elle n’a pas pu y avoir accès. Alors, en accord avec sa mère, elles décident toutes deux de déjouer les pièges de Parcoursup et d’inscrire Valentine dans une école privée de publicité qui ne figure pas dans Parcoursup, comme cela elle ne risque pas d’être refoulée et de se retrouver dans cette satanée voie de garage. Elle vient d’un milieu modeste Valentine, mais bon, 7000 euros l’année d’école, c’est un sacrifice, elle fera un prêt à la banque. Aussi, l’école est à Paris là où les loyers sont hors de prix. Mais là aussi pas de souci, elle fera appel à une association mettant en relation les étudiants qui habiteront en colocation. Depuis, bien sûr, avec la fin de l’année, j’ai perdu Valentine de vue. Que devient-elle ? Que fait-elle ? A-t-elle intégré son école ? Y est-elle heureuse ?
Je dois le dire, ces situations qui se répètent d’année en année sont alarmantes et révoltantes. Car voici bien l’effet pervers de Parcoursup : tous les relégués du système scolaire, ceux qui viennent d’un milieu populaire, ceux qui n’ont pas d’argent, ceux qui ne maîtrisent pas les codes scolaires, ceux qui n’ont pas de stratégie préétablie finissent soit sans diplôme soit basculent vers le privé en contractant des dettes. Pas magnifique ça ?! Tu commences ta vie d’adulte avec la privatisation de la formation et de l’enseignement et en prime un petit prêt à la banque que tu mettras des années à rembourser.
Ensuite, il y a moi, la prof. Celle qui prise par la vocation de la sociologie avait décidé de pousser ses études jusqu’au bout et de devenir prof de fac. Des années de galère durant mon Doctorat. J’accumulais les petits boulots, je donnais des cours à la fac et à droite à gauche pour financer mes études. J’ai fait partie de cette armée des prolétaires du savoir, ces 50% des précaires de l’université qui composent aujourd’hui le monde de l’enseignement supérieur et de la recherche. Ces 50% qui gagnent deux francs et six sous, qui ne comptent pas leurs heures pour peut-être un jour devenir titulaire. Comme toutes ces petites mains qu’on appelle enseignant vacataire, chargé de cours, technicien de recherche, je trimais. 200 heures de cours sur l’année (donc plus qu’un enseignant titulaire), j’étais rémunérée 650 euros par mois. À cela ajoutons la course à l’excellence : publications, colloques, dossiers de candidatures à des postes (en sociologie, il y a un poste pour 300 candidatures). Bien sûr, tout cela n’invite pas à la solidarité et au partage entre pairs, mais plutôt à la compétition féroce, à la survalorisation de l’ego universitaire (d’ailleurs, ceux qui veulent devenir des profs de fac doivent écrire leur « ego histoire », ça en dit long sur l’état de l’identité collective de l’université et aussi sur ses capacités à se mobiliser). À cela, ajoutons de plus la logique de soumission aux appels à projet qui réduisent les chercheurs à des taches administratives qui prennent de plus en plus de temps sur l’activité première.
Cette situation de précarité a duré plusieurs années, 8 ans au total. Le tournant a été 2014, avec la mobilisation de précaires de l’université aux Tanneurs. Avec des copains, on avait décidé de faire grève pour dénoncer nos conditions matérielles de travail : payés tous les six mois, sans bureau, sans statut, sans cotisation chômage et retraite, tout ça pour les beaux yeux d’une institution qui exploite, « s’autonomise » au profit de quelques pôles d’excellence et au détriment de tous les autres.
Aujourd’hui, j’exerce mon métier de sociologue non pas à l’université mais dans une association qui dispose d’un petit laboratoire de recherche. Mais la logique est la même : appels d’offre, évaluation, restriction budgétaire, accumulation des démarches administratives. Bref, chercheur tu veux être, McGyver tu seras.
Alors, pour mettre fin au tout à l’ego des universitaires et au système clientéliste qui organise les recrutements, aux logiques de marché qui privatisent l’enseignement supérieur et la recherche, aux étudiants qui deviennent des ressources humaines, aux enseignants-chercheurs qui doivent aller toujours plus vite dans une logique de concurrence, aux précaires qui assurent la majorité des cours dans les universités, à la bureaucratie qui mange le cœur des métiers liés à la recherche, aux connaissances qui se marchandisent dans ce que l’on appelle le capitalisme de la connaissance, il est indispensable de revoir de fond en comble cette institution, qu’elle cesse de devenir une succursale du MEDEF et de Pôle Emploi, formant tour à tour les nouveaux employables de demain et les futurs chômeurs. Le savoir est une arme, ne le laissons pas aux mains des financiers, des bureaucrates et technocrates en tout genre. Soyons libres des forces de l’argent, de la concurrence, du capitalisme forcené qui exploite et aliène. Permettons à tous d’étudier dans des conditions correctes, donnons un vrai statut aux précaires et par là leur dignité, œuvrons pour que l’enseignement supérieur et la recherche soient un véritable service public au service de l’intérêt général. Car le savoir, comme l’eau, l’air, les transports, etc., est aussi un bien commun.
Invitée au colloque « Vers une politique des mondes (1) » , qui s’est tenu du 1er au 7 juin 2022 à Cerisy-la-Salle (50210), Patricia Pol y a animé un atelier permettant de poursuivre les réflexions menées avec Pierre Bitoun et plusieurs membres de l’IDST autour d’une société du partage des savoirs de tous, par tous et pour tous. Nous publions ses propos qui ont servi de point de départ à des discussions riches et animées menées dans la Laiterie de l’ancienne ferme du château, un lieu tout à fait propice pour penser une université révolutionnaire et sortir du capitalisme productiviste !